Nele, os clipes não só continuam vivos como ganham legendas com a tradução das músicas em inglês. Boa parte da programação é dedicada aos hip hops que fazem sucesso nas náites por aí (e também nas aulas de spinning das academias, pelo que ouço falar). É bom pra comparar o nível doméstico com o que vem de fora.
Eles usam e abusam do mesmo apelo sexual que tanto vemos por aqui (embora a média talvez seja menos explícita do que boa parte dos funks cariocas - mas nem tanto). Mas o lance mesmo é o tanto que falam de bens materiais - carros, jóias, essas coisas. Na base da ostentação mesmo, chega a ser engraçado.
Temos o sucesso em que o fulano convida a gostosa pra dar uma volta em seu Lamborghini Galato (não sei se pagaram o merchandising, tipo a Sagatiba com o Seu Jorge), pra depois dar uma chegada na casa dele e levar uns tapas gostosos. Outro dia vi também um carinha novinho que dizia: "você é coroa, mas até que é gostosa - vem lá em casa, vou tirar a roupa, menos as jóias - e eu sei que você gosta mesmo de como eu fico no meu Cadillac". Em outra, uma mulher olhava com expressão séria para a câmera enquanto afirmava que "essa vadia quer tomar o meu lugar ao seu lado - eu não vou deixar - ela quer minha mansão, os carros, as jóias - mas eu não vou deixar".
Apenas mensagens edificantes.
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E ontem eu vi um pedacinho de episódio de um desses reality shows da MTV, em que um garoto teria que se apresentar cantando um rap em sua escola. Como ele era tímido e sem jeito, colocavam um rapper famoso - que eu não tenho idéia de quem seja - pra treinar o moleque. De primeira, ele levava o aluno a um supermercado e dizia pra ele ir rimando com cada coisa que fosse colocada no carrinho, antes que pegassem a próxima compra.
Imagino que no final, para o garoto virar um rapper de verdade, ele transferisse o exercício para a versão local da Vila Mimosa.
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