Isso aqui tá largado há um tempinho, é verdade. Procurarei cuidar do espaço com mais carinho.
Primeiro, recados importantes:
- Coquetel Acapulco na Audio Rebel amanhã, dia 14/4, a partir das 18h. A Audio Rebel fica na Rua Visconde Silva, 55, em Botafogo. O ingresso é 8 reais. E as outras bandas são Madame Machado, Cinedisco e Supra Sumo.
- Coquetel Acapulco no No Capricho Rio! É um evento organizado pela revista Capricho que acontecerá em maio na Hípica, com expectativa de 2 mil pessoas por dia. É de graça e a nossa apresentação é na sexta-feira, dia 4/5, às 19h. Reparem que quem fecha a noite é Felipe Dylon - uia!
E se nós ganharmos a votação no site da revista, tocaremos por lá de novo no encerramento do evento, dia 6/5. Pra votar: http://capricho.abril.com.br/hotsites/nocapricho/musica_bandasfin_votar.shtml
- Dinamáquina no Empório no sábado, 21/4. Trata-se da segunda edição da festa Tudo Isso, que a gente tá organizando - a primeira teve shows de Djangos e Hitlist, além da Dinamáquina. Nesta agora, as outras bandas são Baile Convulsão e Latuya - que eu descobri há pouco tempo e me lembrou bastante Los Hermanos, é bem interessante. Vocês podem baixar mp3 deles em www.latuya.com.br. O Empório é na Maria Quitéria, em Ipanema; a parada começa às 23h30; e o ingresso é 8 reais.
E agora, a pérola, descoberta no Cotidiano Ranzinza. Trata-se de uma entrevista publicada na Veja em 2004. Divirtam-se!´
A empresária paulistana Yara Baumgart, de 56 anos, sai do sério quando alguém a chama de perua. Já levou à Justiça o colunista José Simão, da Folha de S.Paulo, por ter-lhe sapecado esse adjetivo um tantinho substantivado. Yara tem razão de ficar zangada. Depois de anos dedicados exclusivamente à vida em sociedade e à família (seu marido é o empresário Roberto Baumgart, fabricante de produtos químicos e dono de shopping centers), ela resolveu dar um basta na dondoquice. Usou a experiência adquirida como paciente de clínicas estéticas no exterior para abrir a Kyron, a maior clínica desse tipo no Brasil. Há alguns anos, Yara descobriu também que pode haver idéias debaixo da chapinha japonesa. Em julho, formou-se
Yara – Desde muito pequena. Herdei essa característica de mamãe, que sempre foi vaidosa. Lembro que, quando eu era criança, ela ia a uma esteticista romena que lhe aplicava cremes de lanolina no corpo todo. Em casa, mamãe se sentava em frente a um espelho que tínhamos no banheiro e dava palmadinhas no rosto com uma almofadinha presa num arame, para ativar a circulação. Aos 7 anos, comecei a estudar balé. Mamãe vivia preocupada com as minhas pernas. Por isso, me levava para fazer massagem com terapeutas alemãs. Ela tinha medo de que eu ficasse com pernas de jogador de futebol.
Veja – Foi graças a sua mãe, então, que a senhora ganhou pernas de bailarina...
Yara – Fiz balé clássico até os 19 anos e ioga por mais dezessete. Sempre me preocupei mais com o corpo do que com o espírito. Agora, quero encontrar o caminho da verdade. Comecei a fazer aikidô. Um sensei me dá aula particular. Ele tem uma energia fortíssima. Para você ter uma idéia, o sensei arremessa os alunos faixa preta ao chão com seus golpes. Depois, estende o braço e lhes mostra a palma da mão. Os alunos ficam congelados no lugar onde caíram só pela energia que sai da sua mão. É igual ao filme O Último Samurai. Aprendi coisas incríveis com o aikidô.
Yara – A dar cambalhota, por exemplo. É mais ou menos a representação da vida. Nascemos com a possibilidade de fazer uma infinidade de coisas, mas, com o tempo, criamos arestas. O aikidô nos ajuda a aparar essas arestas e ficar mais redondos. Veja bem: redondo no contexto energético. Fisicamente, é o contrário. Aikidô emagrece e afina a cintura.
Veja – A senhora fez faculdade?
Yara – Acabo de me formar
Veja – E teve formatura?
Yara – Dei uma grande festa. Reproduzi na minha casa o bar da universidade. Todos foram de estudante. Hebe Camargo foi de saia pregueada e meias três-quartos. João Armentano, de boné e colete. Espalhei pôsteres de
Veja – A senhora pretende continuar seus estudos filosóficos?
Yara – Vou fazer mestrado em filosofia da estética que, nossa, é um sem-fim. Pretendo estudar (Theodor) Adorno (filósofo alemão). Chego a ter taquicardia quando leio seus livros.
Yara – Ele fala da estética do homem como um todo, sabe? A pintura, a arquitetura, a poesia, a literatura. A estética trata desses assuntos que acabei de falar.
Veja – A senhora poderia ser mais clara?
Yara – Por exemplo: eu gosto desse quadro chinês aí na parede. Você não gosta? Tudo bem. É uma questão de valores. Isso é que é estética. É mais ou menos por aí.
Veja – O que a senhora modificou na estética do seu corpo?
Yara – Vamos por partes. No cabelo, fiz reflexo e um relaxamento na raiz dos fios. É que, cá entre nós, (cochichando) meu cabelo é pixaim. Fiz uma plástica no nariz, outra no pescoço e coloquei silicone nos seios. Tenho aparelho fixo nos dentes, que empurra os lábios para fora, fazendo com que eles pareçam carnudos. Uso lentes de contato verdes ou azuis. Ponho as azuis quando estou relaxada ou em missões de paz. Comprei as verdes para ficar com a cor dos olhos dos meus netos quando estamos juntos. Agora, quando vou assinar contratos ou dar entrevistas, fico com os olhos castanhos mesmo, que transmitem firmeza.
Veja – E Botox?
Yara – Apliquei na testa e em volta dos olhos. Tem gente que exagera e fica sem expressão. Em mim, ficou natural. É bem verdade que não levanto muito as sobrancelhas. Também não consigo abrir um sorrisão. Mas tudo bem: as coisas estão aí para ser usadas. Não perco tempo passando mil cremes. Não perco tempo com futilidades.
Veja – Então a senhora sai de casa de rosto lavado?
Yara – Nunca! Não gosto de mim sem maquiagem. Detesto me olhar no espelho de manhã.
Veja – Que mulheres a senhora mais admira?
Yara – Uma é a Marilyn Monroe. Ela adorava o glamour. Também me identifico com Diane de Poitiers e Aspásia. Diane viveu no século XVI e ampliou a cultura na França. Sua família tinha títulos de nobreza, como a minha. Aos 60 anos todo mundo lhe dava 30. Além disso, protegia pintores e divulgava encontros culturais. Já Aspásia foi a professora de Sócrates.
Veja – Que homens a senhora considera elegantes?
Yara – Elegância é uma coisa que vem de dentro. (O jornalista) João Dória Júnior e Fernando Collor são exemplos de homens elegantes. Vestem-se de maneira clássica, são tradicionais. O João é capaz de jogar futebol sem tirar um fio de cabelo do lugar. Ah, acho elegantes também todos os homens que jogam pólo.
Veja – A senhora é religiosa?
Yara – Fui católica até os 14 anos. Um dia, quando estava me confessando, o padre me deu uma bronca porque não havia ido à missa. Na hora, tive certeza de que o catolicismo não era o meu caminho. Quem era aquele homem para me criticar? Passei a acreditar na natureza. Creio nas árvores, nos bichos e na água. O canto do passarinho é a representação pura da energia que existe no cosmo. Daí o meu cuidado com o meio ambiente. Só uso spray de cabelo que não prejudica a camada de ozônio. Ando tendo muitas preocupações com o mundo.
Veja – Quais?
Yara – A maior é com a água. Se não economizarmos, vai faltar no próximo século. Também estou apreensiva com o tempo. Li que o dia passou a ter só dezesseis horas, segundo a física quântica. É incrível como não conseguimos mais cumprir com nossos compromissos...
Veja – Como a senhora definiria a física quântica?
Yara – Não sei explicar direito, mas posso dar um exemplo. Quando vou contratar alguém, além de avaliar seu currículo, procuro sentir sua energia. Se é boa, houve um encontro dos nossos campos energéticos, entendeu?
Veja – Mais ou menos. A senhora faz caridade?
Yara – Não dou esmola, mas ajudo carentes em Campos do Jordão. Acho um absurdo essas pessoas que fazem de pedir esmola na rua um comércio. Detesto ver crianças exploradas pelas mães nos semáforos. Uma vez vi um senhor que tinha um quelóide no peito e fazia point nos Jardins (bairro de classe média alta de São Paulo). Um absurdo!
Veja – Quais foram as maiores lições que recebeu de seus pais?
Yara – Mamãe me ensinou a dar festas como ninguém. Aos 9 anos, eu já era capaz de organizar um jantar americano para trinta pessoas. Papai me ensinou a gostar de livros.
Veja – De que tipo de livros a senhora gosta?
Yara – A-do-ro livros. Tenho 5 000 volumes em quatro bibliotecas. Na biblioteca que eu chamo de social, guardo obras raras. Outra é meu cantinho, com livros de psicologia e de filosofia. A terceira, no meu quarto, tem os livros de capa mole, de administração, auto-ajuda e estética. No escritório do meu marido, estão os livros de arte. Colecionar livros é uma das minhas paixões.
Veja – Quais são as outras?
Yara – Música. Adoro Wagner. Toco muito bem piano. Aliás, tenho três: um Challen, um Bechstein e um pianinho de apartamento para tocar jazz. Outra paixão é olhar o mar. Sinto paz, muita paz. Só de falar sobre o mar, já me sinto tranqüila.
Veja – A senhora tem um gosto musical refinado...
Yara – Você acha mesmo?
Veja – É o que parece. A senhora gosta de algo simples?
Yara – Macarrão Miojo e pão com manteiga. Já quanto a creme hidratante, minha filha, não tenho nada de sofisticada. Uso o da latinha azul, sabe?
Veja – Qual é a sua roupa preferida?
Yara – Uma calça Lee, que ganhei aos 12 anos. É a minha medida até hoje. Quando não entro nela, sei que estou gorda.
Veja – Qual é o número dela?
Yara – Trinta e oito, talvez.
Veja – Quantos vestidos de festa a senhora tem?
Yara – Não sei, mas meu acervo está catalogado, assim como minha biblioteca. Digitalizei meus livros. Agora, estou fazendo isso com os vestidos. Fiz uma foto minha usando cada um deles. Junto com a foto, tem uma ficha com informações importantes. Coisas como onde e quando ele foi comprado, em que ocasiões foi usado e quando foi lavado pela última vez etc. O único problema é que as empregadas não sabem mexer no computador. Quando quero uma roupa, tenho de procurar eu mesma.
Veja – Qual foi a sua maior loucura consumista?
Yara – Fiz uma carreira muito bonita de bailarina em Frankfurt e
Veja – Como eram os sapatos?
Yara – Sou uma pessoa muito sóbria. Eram de verniz preto, clássicos. Compro pouco, mas sempre do melhor. Gosto de qualidade, não de quantidade. Isso é bem europeu. Eu me sinto muito européia.
Veja – O que é se sentir européia?
Yara – Todas as viagens que faço têm de ter uma paradinha em Paris. É o ponto de partida da minha vida. Meus avós são italianos. Minha educação, portanto, foi européia. Aprendi as coisas da vida através da arte, da música, da literatura. Por causa dessa tradição, abri uma galeria de arte. Arte, arte, arte, arte, eu respiro arte desde muito pequena. Dizem até que eu sou uma mecenas.
Veja – A senhora não gosta de ser brasileira?
Yara – Tenho orgulho do Brasil. Fico feliz quando as pessoas se maravilham com a nossa cirurgia plástica. Não admito que falem mal do Brasil. Uma vez tive uma discussão horrorosa com um alemão. Ele criticou Jorge Amado. Como falo bem alemão, mostrei minhas garras.
Veja – Como a senhora se descreveria?
Veja – Mais alguma coisa?
Yara – Anote aí (lendo um papel): eu respeito a pluralidade racial. Meu querido Kant tinha essa luta. Ele queria a paz entre os iguais. Ah, por favor, não me deixe parecer fútil nesta entrevista, sim?
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