Há assuntos e temas que mexem com você de uma maneira diferente dos outros, não tem? Todo mundo tem isso, e influi muito no tipo de filme, por exemplo, que você procura assistir. Tem gente que não consegue não gostar de filme de guerra, por pior que seja; tem quem goste de carros, nazismo, catástrofes, bichinhos espertos, agentes, bandas de rock, sei lá. Cada um com seu fetiche. Eu, por exemplo, tenho uma parada qualquer com filmes de baseball. Embora ache um esporte especialmente idiota de se assistir, mas sei lá, em filme eu sempre gosto. Vai entender.
De uns seis anos pra cá, por algum motivo totalmente estranho e inexplicável..., comecei a ser mais sensível com histórias que falem do sentimento entre pai e filho. Não é qualquer uma, tenho um bloqueio contra coisas apelativas demais, mas é um ponto fraco meu, admito.
O outro, óbvio pra quem me conhece, é futebol. É difícil pra boa parte das pessoas, e pra quase totalidade das mulheres, entender como eu fico emocionado vendo no YouTube um vídeo de Flamengo 3 x 1 Santa Cruz pelo brasileiro de 87 - especialmente com o detalhe do Galvão Bueno quase comemorando o terceiro gol e enchendo a boca pra dizer "como é bom, como é gostoso ver o Zico marcando de novo no Maracanã". Ele ainda não tinha se convencido de como entende tanto de tudo naquela época, era bem menos mala.
Mas futebol não costuma ficar bem em filmes de ficção, na verdade. Veja você, baseball é bem melhor.
Bom, ontem assisti a O ano em que meus pais saíram de férias. E ele tem isso, do sentimento pai-filho. E tem futebol - e nesse filme funciona, e muito. E o garoto joga botão, e finge ser goleiro jogando a bola na parede do quarto pra dar pontes sensacionais sobre a cama de casal, que nem eu fazia no quarto dos meus pais (que tinha um monte de marcas de bola na parede...). Enfim, ele tem umas paradas que me fazem meio suspeito pra falar.
Tem também aquelas coisas bonitinhas, da menina que tem uma quedinha pelo menino, que acha legal - mas se empolga mesmo é com as fotos de mulé pelada que achou escondidas pelo avô, ou em ver a moça mais velha e gostosa se trocando por um buraquinho na parede. E tem a coisa de mostrar uma cultura "diferente" - no caso, a judaica -, e tem a perseguição política da época da ditadura... O filme toca em vários tipos de assuntos que normalmente aparecem em forma de clichês sendo esfregados na cara de quem está assistindo, seja um filme, uma série, uma novela ou uma peça.
Mas o lance é que tudo simplesmente faz parte, sem forçar, de uma história que não é genial, nenhuma super-sacada, mas é interessante, bem contada, bem dirigida, bem representada, bem fotografada. E triste. No finzinho, tem uma apelaçãozinha de leve, uma frasezinha ali que é só pra apertar o nó da sua garganta. Talvez precisasse, talvez não, sei lá.
Vai lá ver. Um monte de gente tá dizendo que é legal, você já deve ter ouvido. E é mesmo.
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Pra quem for ver, reparem só: tem participações especiais do Paulo Autran e, mas surpreedente, do Paul de Anos Incríveis!
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