16.10.08

Sobre debates

"Foi um excelente debate por dois motivos. Primeiro, porque as regras permitiam que um respondesse ao outro diretamente. Segundo porque Bob Schieffer, o moderador, souber cortá-los quando necessário e fez perguntas instigantes, desafiadoras. Talvez seja justo dizer que houve um empate. No fim das contas, Obama só tinha uma missão. Não parecer derrotado."

Esse é o comentário do Pedro Doria sobre o debate de ontem entre McCain e Obama - que eu não vi, fiquei perdendo meu tempo com Dunga e companhia. Mas me lembrou do que eu pensei durante o debate entre Gabeira e Eduardo Paes, na Bandeirantes, domingo passado: como é mala o formato desses trecos por aqui.

É tudo engessado, tudo com cronômetro rolando, tudo contado. Corta-se o áudio pra não deixar uma resposta ser completa. A gente vê que há mais assunto em uma discussão, mas ela acaba mesmo assim. Um não olha pro outro. E, no meio, um mediador que sempre parece um robô, repetindo regras a cada 10 minutos. A gente já não gosta de ler manual de instruções de nada - imagina ouvir um sendo lido em voz alta repetidamente. A coisa parece um jardim de infância, em que alguém tem que ficar de olho nas crianças o tempo inteiro pra não fazerem besteira - se deixar solto, sabe lá o que esses moleques vão aprontar, né?

O formato americano não tem nada a ver com isso. Ninguém corta o áudio, não tem réplica, tréplica, pedido de direito de resposta, "você tem 2 minutos". A coisa parece até um debate mesmo, uma discussão de idéias, um pergunta, o outro responde, o jornalista no meio tira dúvidas em cima das respostas.

Na última eleição pra presidente, a Globo apostou em um formato mais próximo a isso no segundo turno, com o Bonner servindo de moderador. Podiam tentar de novo pra esta eleição pra prefeito.

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