Mas ontem, vendo o Fantástico - que eu normalmente acho até um programa interessante - fiquei realmente espantado com o espaço dado à história. Reportagens e mais reportagens seguidas, com todos os enfoques possíveis e imagináveis. Entrevistaram inclusive o juiz que deu habeas corpus ao pai e à madrasta para que ele explicasse a sua decisão à opinião pública enfurecida.
Mas o pior: se montou tocaia na frente da casa do pai da menina, inclusive com imagens do carro de reportagem seguindo o dele no caminho para visitar seus filhos. E, pelo que andei lendo, isso não é coisa só do Fantástico ou da Globo - parece que havia um verdadeiro acampamento de jornalistas na portaria do edifício. Com todo o sensacionalismo, o povo já está ensaiando um linchamento dos dois (literalmente!), antes de haver julgamento e até de sair resultado de uma porção de perícias.
Alguém já viu a imprensa fazendo algo parecido com um Renan Calheiros, Severino Cavalcanti, ACM ou juiz Lalau? Sem falar nas cenas bizarras da chegada da mãe da garota, que acabara de perder o filho, pra depor na delegacia, com toda a imprensa cercando a mulher em um tumulto inacreditável.
Eu também acho que a história contada pelo pai e a madrasta é bastante inverossímil e não me espantarei se forem os culpados. Mas, mesmo que no final se chegue à conclusão de que são mesmo, isso não vai fazer dessa cobertura da imprensa algo razoável.
* * * *
O Guilherme Fiúza, que escrevia no NoMínimo e é o autor de Meu nome não é Johnny (o livro), passou por um caso parecido. Seu filho estava no colo da ex-mulher, mãe do garoto, e caiu da varanda de seu apartamento quando ela escorregou. Imediatamente se suspeitou dos dois, que passaram um senhor perrengue. Ele tem falado muito do caso atual em seu blog.
Nenhum comentário:
Postar um comentário