10.1.08

Feira de negócios

Ontem vi pequenos pedaços do sensacional Flamengo 11 x 1 Ypiranga, pela Copa São Paulo. Parece que foi a segunda maior goleada da competição, depois do 12 x 1 do Grêmio sobre outro Ipiranga. Ou Ypiranga, sei lá. No trecho que vi do jogo, até os zagueiros do Flamengo já tentavam fazer seus gols de placa, enfileirando 3, 4, 5 defensores adversários, um atrás do outro. No último lance do jogo, um zagueiro do Ypiranga mergulhou como um goleiro pra evitar o décimo-segundo gol rubro-negro. O juiz, talvez por pena, ignorou o pênalti.

Sinceramente, não dá pra tirar a menor conclusão sobre qualquer jogador do Flamengo por conta de uma partida como esta. A pergunta é: qual é o sentido de um jogo como este? Quem selecionou este Ypiranga pra participar desta competição? Qual o interesse que alguém pode ter nisso? De onde vem o dinheiro pra bancar a viagem da delegação ypiranguense inteira do Acre pra São Paulo?Já é lugar-comum dizer que a Copa São Paulo virou uma verdadeira feira de negócios para os empresários. O próprio Flamengo já se recusou a jogar o torneio justamente por isso: não fazia sentido levar seus jogadores para uma vitrine como aquela, apenas para expô-los ao interesse dos compradores antes do tempo (sim, porque já nos conformamos que a venda de quem for mesmo bom é questão apenas de tempo mesmo). Algo como o Inter fez ao esconder Alexandre Pato dos olhos do mundo até tê-lo sob contrato, para poder segurá-lo. E, mesmo assim, ele já está no Milan, aos 18 anos de idade – ao que parece, aliás, estréia esta semana por lá contra o Napoli.

De qualquer forma, não sou daqueles que vibra com conquistas de meu time nas categorias de base. Prefiro não ganhar nada e ver, mais tarde, jogadores subindo aos profissionais realmente prontos para contribuir com o time. Infelizmente, os técnicos destes garotos precisam garantir seus empregos e a forma que encontram para isso é se dedicar a ganhar títulos, para terem o que apresentar a seus chefes. E dá-lhe centro-avantes grandalhões e sem jeito, que se destacam na base por conta do físico e, ao subirem para o jogo adulto, perdem a vantagem destacada e simplesmente somem. Fernando Brucutu, por exemplo, lendário zagueiro do Flamengo que hoje está na Alemanha, jogou como centro-avante até o finzinho de sua formação como jogador. Deu no que deu.

A Copa São Paulo já teve sua função como passa-tempo durante o período sem jogos do futebol brasileiro. Hoje, nem isso. É mais jogo prestar atenção nas pré-temporadas dos times adultos, que se preparam pra começar a jogar. Renato Gaúcho, por exemplo, está escalando Washington, Dodô e Leandro juntos como titulares em coletivo. Duvido que seja a sério.

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