22.2.07

O Artilheiro



Sobre o Flamengo ontem.

Devemos dar o desconto de que o Maracaibo era um time de baseball improvisado em um campo de futebol. Devemos também dar o desconto de que, no segundo tempo, o jogo estava definido - e o Flamengo, que vinha de dois jogos cansativos seguidos, tem mais um decisivo contra o Vasco no domingo. Então, era lógico que o time procurasse se poupar.

Descontos dados: o primeiro tempo foi muito bom. O segundo tempo foi muito ruim.

No primeiro, o Flamengo fez o seu papel. Foi pra cima, marcou forte no campo do adversário, não o deixou respirar. Jogou para e com a torcida. Mas, além disso, mostrou uma movimentação e organização para atacar que não havia sido vista no time ainda. A bola girava de um lado para o outro o tempo todo, procurando abrir a defesa adversária com as viradas de jogo; sempre que a marcação apertava um jogador em uma lateral, Paulinho e Cláiton estavam mais atrás como opções e imediatamente giravam a bola para o outro lado. As jogadas pelas laterais assim saíam o tempo todo, assim como os cruzamentos para a área que Ney Franco pretendia. E se tem uma qualidade que o Flamengo já mostrou este ano, é o bom jogo aéreo. Não só as conclusões, mas principalmente os cruzamentos, com a bola rolando ou parada.

Eu sou cético com a dupla Obina e Souza, mas ontem eles encontraram uma movimentação interessante para funcionarem juntos. Enquanto Souza ficava mais fixo na área, Obina saía - mas sem cair pelos lados, vindo apenas para a cabeça da área ou para a intermediária, pelo meio, para fazer o pivô. Obina jogou muito, mostrou uma visão de jogo insuspeita e deu passes impressionantes. Só faltou ter conseguido o gol de bicicleta que tentou. O Maracanã viria abaixo.

Mas, lembrando o desconto pedido lá no início: o adversário era o Maracaibo. Para o esquema dos atacantes e toda a movimentação ofensiva funcionarem, foi necessário que os dois laterais apoiassem muito (Léo Moura esteve muito bem, aliás). Contra times mais fortes, pode ser bem mais complicado de se colocar isso em prática.

E o segundo tempo foi muito ruim. Com o time jogando de freio de mão puxado, os laterais pararam de subir tanto e o toque de bola inteligente deu lugar a jogadas individuais impossíveis, enfiadas improváveis pelo meio e muitas bolas perdidas. Quando, ainda assim, as oportunidades surgiram, os atacantes trataram de perdê-las; Roni mandou uma bola impressionante na arquibancada, mas o mais inacreditável foi mesmo o gol perdido por Souza, sem goleiro, na pequena área. Na parte defensiva, o time voltou a ser frouxo como nas partidas anteriores, o que parece ser o maior problema do Flamengo mesmo. Nos últimos jogos, houve sempre problemas na marcação no meio de campo, o que estourava lá atrás - e lá atrás ninguém tem sido confiável, até o Bruno já andou dando mole.

De qualquer forma, o primeiro tempo foi animador. Segundo PVC no Lance, "quase perfeito". Se o time conseguir chegar próximo àquilo com regularidade, pode dar em alguma coisa. Mas falta chegar lá contra adversários mais fortes.

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