"Chegaram a dizer que os bandidos receberiam televisões de plasma. O plasma que eu conheço é do sangue."
A frase edificante é do delegado-geral da Polícia Civil de SP, Marco Antonio Desgualdo. Bacana o otoridade, não?
E nisso, morreram só ontem mais de 30 "suspeitos" em "confrontos com a polícia". Chegará o dia em que pediremos socorro gritando "pega o suspeito!".
Os bandidos, por outro lado, tocaram fogo em ônibus, ao que parece, como ação de marketing. No duro, eles sabiam bem quem queriam atingir. Praticamente não morreram "pessoas comuns" nessa história (li agora a notícia de úm comerciante morto pela polícia, aparentemente confundido com um "suspeito"). Parece que mataram policiais à paisana, fora de serviço. A história toda parece coisa de confronto de facções, e não polícia-e-ladrão.
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Estatísticas bizarras.
Para cada pessoa que sai da cadeia em São Paulo, entram 13.
De 95 a 2003, a quantidade de presos por lá saltou de 50 mil para 114 mil.
E, hoje, o sistema penitenciário do estado comporta 95 mil detentos - e existem 125 mil presos. Ou seja, um excesso de 30 mil.
Me parece óbvio que algo tem que ser feito quanto a isso, e que pensar simplesmente em regimes mais rígidos para os chefões dos PCCs da vida não vai resolver. Fora, é claro, atacar as causas da violência (toda aquela discussão de inclusão social, diminuição das diferenças entre ricos e pobres etc. e tal), a situação das cadeias é inviável. Qualquer programa que mostre um flashzinho das condições dos presos nas celas de nossos presídios é muito chocante. Qualquer um percebe que quem entra ali está muito mais perto de embarcar em uma organização criminosa do que de sair "reabilitado".
Engraçado como não têm se discutido isso num momento desse, em que até o Senado está votando medidas de emergência contra a situação. Como não há orçamento que chegue pra construir mais e mais presídios no ritmo em que a população carcerária cresce, a solução lógica é prender menos gente. Deveria haver uma política de apostar mais em penas alternativas, como trabalho comunitário, para criminosos que não representem maiores riscos para a sociedade.
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