16.5.24

A palinha do Apolinho

 

O Apolinho me lembra muito minha infância, meu pai.

O almoço em casa ouvindo Enquanto a Bola Não Rola na Rádio Globo, antes de ir pro Maracanã. O radinho de pilha compartilhado na arquibancada de cimento. O pós-jogo no rádio do carro, ouvindo a escolha do melhor em campo - que ganharia uma noite nas Suítes Champion - e o pior em campo - agraciado com uma noite na Pensão da Cremilda.

Inventou muitas expressões geniais, como os conhecidos "geraldinos" e "arquibaldos". Mas minha preferida é a "falha siderúrgica" do zagueiro. Isso é bom demais, coisa de quem tem um domínio da comunicação muito, muito acima da média.

Sem falar, óbvio, da incrível sacada premonitória do "...e acaba de chegar São Judas Tadeu".

   

Além de tudo, ainda é protagonista de uma das coisas mais inusitadas que vi no futebol: sua passagem como técnico do Flamengo, sem qualquer experiência prévia, no ano do centenário do clube, dirigindo o "ataque dos sonhos" formado por Sávio, Romário e Edmundo. O cara levava uma mini TV pro banco de reservas pra ver o jogo, porque não achava que dava pra realmente entender o que estava acontecendo com a visão à beira do campo. Incrível.

Soube de sua partida hoje, durante a transmissão de Flamengo x Bolívar, por um tweet que contava que a transmissão da partida pela Rádio Tupi havia sido interrompida pelo choro do narrador, seu companheiro de longa data Luís Penido. Segundo Penido, Washington Rodrigues partiu depois de assistir ao primeiro tempo do jogo, em que o seu Flamengo abriu 3x0.

É. O tempo passa.

Que esteja em paz.

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